o melro de visita
o melro de
visita
o amor não é uma
saga cruel:
vejo-a cuidar
das plantas no jardim,
brincam as
filhas com lápis e papel
e eu escrevo
sossegado, é bom assim.
na relva, um
melro a saltitar, vilão
pretíssimo,
esfuzia à cata de algum resto,
ou da mosca
azarada: passa lesto
entre duas
roseiras. já é verão.
mas o melro
demanda outro quintal
e do poema, sem
jeito e sem disfarce,
sai de bico
amarelo em diagonal
desajeitada:
esvoaça sem maneiras
como um pingo de
tinta a escapar-se.
de verde
prateada, as oliveiras.
Vasco Graça
Moura
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