História do Gato Malhado e a Andorinha Sinhá

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá
Ilustração de Carybé





História maravilhosa, lida pela terceira vez em 20 de agosto de 2021
Obra de Jorge Amado baseada na trova de Estêvão da Escuna, poeta popular baiano:

«O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha»


"Esta fábula dos tempos modernos conta a história de amor entre um gato, uma criatura feia, egoísta e solitária, e uma bela e gentil andorinha.

Com a duração de três estações, o improvável romance entre as duas criaturas das «profundas do passado quando os bichos falavam» sobrevive às críticas sociais, à diferença de idades e às diferenças de carácter de cada um, mas… «uma andorinha não pode, jamais, casar com um gato».

A paixão entre os dois animais é uma narrativa que a Manhã contou ao Tempo. Este prometera-lhe uma rosa azul se a história que ela lhe contasse fosse boa. A Manhã narrou-lhe uma história que ouviu ao Vento que andava perdido de amores por ela.

Assim, a história de amor do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá é contada pelo Vento, chegando, entretanto, aos ouvidos do narrador. Este último narra-nos o desenrolar dessa paixão através da intensidade das conversas entre estas personagens e dos seus longos passeios.

O Gato Malhado era um gato já velho, mal-humorado e muito mau. Um dia, todos os animais do parque fugiram do gato, mas uma jovem e bela andorinha permaneceu num ramo de uma árvore. Discutiram, mas, a partir daí, só pensavam um no outro. Uma manhã, depois de muito esperar que a andorinha viesse pousar num galho da árvore por cima dele, desiludido pela ausência da amada, decidiu ir-se embora. Foi caminhando pelo parque e, quase sem dar por isso, chegou a casa da Andorinha. Passaram, então, a encontrar-se todos os dias para passear e conversar.

Foi-se a Primavera e já no fim do Verão, o Gato disse à Andorinha que, se não fosse um gato, a pediria em casamento. A andorinha ficou calada, voou rente ao gato e tocou-lhe de leve com a asa esquerda, depois ganhou altura e olhou-o de longe. No parque, corria o rumor que a Andorinha namorava com o Gato e todos os animais os criticavam.

Foi no terceiro dia de Outono que o Gato recebeu uma carta triste da Andorinha que dizia “Uma andorinha não pode jamais casar com um gato”. E no último dia de Outono, depois de terem percorrido “todos os lugares que haviam aprendido a amar na Primavera e no Verão”, quando a noite chegou, a andorinha disse ao gato que ia casar-se com o Rouxinol e partiu sem olhar para trás. Desde então, o Gato Malhado passou a andar triste e sozinho.

No Inverno, o Rouxinol e a Andorinha Sinhá casaram-se e foi tanta a tristeza do Gato Malhado, que ele decidiu caminhar até ao Fim do Mundo. Foi a última vez que se viram. A Andorinha deixou cair uma pétala de rosa sobre o Gato e ele colocou-a no peito, parecia uma gota de sangue.

A história tem um desfecho triste, mas termina com a Manhã a ganhar a rosa azul prometida no início da história pelo Tempo."


Texto capturado em 20 de agosto de 2021 de MyM: O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá (mym-pt.blogspot.com)



Audiolivro: O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Jorge Amado





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