História do Gato Malhado e a Andorinha Sinhá
"Esta
fábula dos tempos modernos conta a história de amor entre um gato, uma criatura
feia, egoísta e solitária, e uma bela e gentil andorinha.
Com
a duração de três estações, o improvável romance entre as duas criaturas das
«profundas do passado quando os bichos falavam» sobrevive às críticas sociais,
à diferença de idades e às diferenças de carácter de cada um, mas… «uma
andorinha não pode, jamais, casar com um gato».
A
paixão entre os dois animais é uma narrativa que a Manhã contou ao Tempo. Este
prometera-lhe uma rosa azul se a história que ela lhe contasse fosse boa. A
Manhã narrou-lhe uma história que ouviu ao Vento que andava perdido de amores
por ela.
Assim,
a história de amor do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá é contada pelo Vento,
chegando, entretanto, aos ouvidos do narrador. Este último narra-nos o
desenrolar dessa paixão através da intensidade das conversas entre estas
personagens e dos seus longos passeios.
O
Gato Malhado era um gato já velho, mal-humorado e muito mau. Um dia, todos os
animais do parque fugiram do gato, mas uma jovem e bela andorinha permaneceu
num ramo de uma árvore. Discutiram, mas, a partir daí, só pensavam um no outro.
Uma manhã, depois de muito esperar que a andorinha viesse pousar num galho da
árvore por cima dele, desiludido pela ausência da amada, decidiu ir-se embora.
Foi caminhando pelo parque e, quase sem dar por isso, chegou a casa da
Andorinha. Passaram, então, a encontrar-se todos os dias para passear e
conversar.
Foi-se
a Primavera e já no fim do Verão, o Gato disse à Andorinha que, se não fosse um
gato, a pediria em casamento. A andorinha ficou calada, voou rente ao gato e
tocou-lhe de leve com a asa esquerda, depois ganhou altura e olhou-o de longe.
No parque, corria o rumor que a Andorinha namorava com o Gato e todos os
animais os criticavam.
Foi
no terceiro dia de Outono que o Gato recebeu uma carta triste da Andorinha que
dizia “Uma andorinha não pode jamais casar com um gato”. E no último dia de
Outono, depois de terem percorrido “todos os lugares que haviam aprendido a
amar na Primavera e no Verão”, quando a noite chegou, a andorinha disse ao gato
que ia casar-se com o Rouxinol e partiu sem olhar para trás. Desde então, o
Gato Malhado passou a andar triste e sozinho.
No
Inverno, o Rouxinol e a Andorinha Sinhá casaram-se e foi tanta a tristeza do
Gato Malhado, que ele decidiu caminhar até ao Fim do Mundo. Foi a última vez
que se viram. A Andorinha deixou cair uma pétala de rosa sobre o Gato e ele
colocou-a no peito, parecia uma gota de sangue.
A história tem um desfecho triste, mas termina com a Manhã a ganhar a rosa azul prometida no início da história pelo Tempo."
Texto capturado em 20 de agosto de 2021 de MyM: O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá (mym-pt.blogspot.com)
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