SETÚBAL – À descoberta do património: Igreja de Santa Maria da Graça (Capela-mor)







 SETÚBAL: Capela-mor da Igreja de Santa Maria da Graça (Pormenores)
Visita de estudo no âmbito do 13.º Curso sobre Ordens Militares - Palmela
11 de Maio de 2014



“A capela-mor da Igreja de Santa Maria da Graça apresenta um magnífico retábulo cujo trabalho de talha se estende a toda ela, passando pela abóbada onde, ao centro, uma grande custódia é segura por quatro anjos suspensos, até ao arco de triunfo, composto por duas grandes pilastras rematadas por poderoso entablamento. Exemplar notável do chamado estilo nacional, cujo mestre foi o entalhador José Rodrigues Ramalho. Duas colunas pseudo-salomónicas, enquadradas por duas pilastras, todas da ordem coríntia, prolongam-se nos arcos de volta perfeita que apenas o entablamento interrompe. Abrem para uma tribuna ou camarim onde se ergue o trono para exposição do Santíssimo, em cujo remate se encontra uma urna, com o Cordeiro Pascal sobre a tampa. Ao lado, dois anjos ajoelhados em adoração. Grandiosa coroa paira sobre o trono, numa afirmação explícita do triunfo e majestade da fé cristã. A iluminação lateral, oculta pelas colunas, faz ressaltar esta zona central do retábulo; mas era em dias de festa, quando a luz das velas arrancava à talha intensos revérberos de luz, que a capela-mor se transformava em autêntica gruta luminosa e igreja de oiro. Por entre as folhas de acanto, que estas composições utilizam sistematicamente, os anjos dispostos nas colunas, pilastras e mísulas, em conjunto com as parras de uva, introduzem uma nota sensível de naturalismo. Em horas privilegiadas do fim do dia, quando a luz do Sol, atravessando a grande janela da fachada, incide em cheio no trono, reaviva-se a magia luminosa do oiro sobre a talha: é a hora precisa em que se percebe o sentido pleno deste misticismo arrebatado, só possível de expressar através destas obras barrocas com que a sensibilidade portuguesa inundou todas as igrejas do País.”

SILVA, José Custódio Vieira da – SETÚBAL. 1ª ed. Lisboa: Editorial Presença, 1990. 93 p.




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