As vindimas ontem
Palmela: Quinta do Piloto – Setembro de 2018
“As vindimas são um verdadeiro marco da
etnografia portuguesa e, em tempos passados, o trabalho da colheita das uvas
era visto, sobretudo, como uma autêntica celebração. Familiares e amigos
reuniam-se no dia designado para as vindimas – cada um combinando datas
diferentes para que o grupo pudesse ajudar nas vindimas uns dos outros – e o
trabalho começava bem cedo com os homens carregando escadas de madeira às
costas para se chegar a todos os cachos e as mulheres com os cestos de vime,
onde seriam transportadas as uvas, na cabeça. As crianças e os idosos
acompanhavam de perto cada minuto das vindimas, ajudando sempre que podiam. E
porque se tratava de uma verdadeira celebração, as vindimas decorriam ao som
dos ranchos folclóricos que seguiam para as terras em ritmo de cortejo. Os
trajes típicos emprestavam ainda mais cor ao cenário das videiras pesadas com
deliciosas uvas e ao chilrear dos pássaros juntavam-se as músicas tradicionais
das vindimas, acompanhadas pelos bombos, concertinas, ferrinhos e braguesas. A
meio da manhã parava-se para petiscar qualquer coisa e ganhar força para
continuar, sendo os homens a carregar os cestos de vime já repletos de uvas até
aos carros de bois, enquanto as mulheres não deixavam escapar nem um cacho das
videiras. O descanso merecido depois de uma manhã inteira a vindimar acontecia
durante um almoço prolongado, sempre em ambiente de festa. Ao anoitecer, as
vindimas e as celebrações continuavam nos lagares onde os homens, de calções ou
calças arregaçadas, formavam uma roda, davam os braços e ao ritmo da música
pisavam as uvas colhidas de manhã.”
Texto capturado em 5 de setembro de 2018
de: https://clubedevinhos.com/
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