Na apanha da azeitona - Cantar o trabalho e cantar trabalhando (1)

 

Azeitonas do Monte do Olival (Palmela)
6 de Outubro de 2015


“Os descantes ligados ao trabalho nos campos perderam-se na sua grande maioria. Uns, porque sendo autênticos brados de revolta em tempo de ditadura, só podiam expressar-se entre gente de confiança, não fosse a ação dos delatores provocar grandes problemas a quem os cantava. Outros, porque, devido às grandes modificações verificadas no trabalho dos campos, foram, por desuso, caindo no esquecimento.
Por alguns exemplares que chegaram até nós, podemos ficar com uma pálida ideia da riqueza poética e de informação social que encerrariam.


Para cada uma das campanhas de trabalho haveria o seu cancioneiro. Por exemplo, num Cancioneiro da Apanha da Azeitona, poderíamos encontrar cantigas como as que se seguem:

Os amores d'azeitona,
São com’os amores d’Entrudo;
Em s’acabando a apanha,
Acaba-se o amor e tudo.

Os amores d'azeitona,
São do tamanho d’amora;
Em s’acabando a apanha,
Adeus que me vou embora.

Os amores d'azeitona,
São como talos de couve;
Em acabando a azeitona,
Adeus menina qu’eu vou-me."


Texto e quadras capturados em 6 de Outubro de 2015 de  http://alemcaia.blogs.sapo.pt/2012/04/




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