Poesia de Abril com papoilas - Explicação do País de Abril
Poesia de Abril com papoilas
Herdade de Gâmbia - 25 de abril de 2019
Explicação do País de Abril
País
de Abril é o sítio do poema.
Não
fica nos terraços da saudade
não
fica nas longas terras. Fica exatamente aqui
tão
perto que parece longe.
Tem
pinheiros e mar tem rios
tem
muita gente e muita solidão
dias
de festa que são dias tristes às avessas
é
rua e sonho é dolorosa intimidade.
Não
procurem nos livros que não vem nos livros
País
de Abril fica no ventre das manhãs
fica
na mágoa de o sabermos tão presente
que
nos torna doentes sua ausência.
País
de Abril é muito mais que pura geografia
é
muito mais que estradas pontes monumentos
viaja-se
por dentro e tem caminhos veias
–
os carris infinitos dos comboios da vida.
País
de Abril é uma saudade de vindima
é
terra e sonho e melodia de ser terra e sonho
território
de fruta no pomar das veias
onde
operários erguem as cidades do poema.
Não
procurem na História que não ven na História.
País
de Abril fica no sol interior das uvas
fica
à distância de um só gesto os ventos dizem
que
basta apenas estender a mão.
País
de Abril tem gente que não sabe ler
os
avisos secretos do poema.
Por
isso é que o poema aprende a voz dos ventos
para
falar aos homens do País de Abril.
Mais
aprende que o mundo é do tamanho
que
os homens queiram que o mundo tenha:
o
tamanho que os ventos dão aos homens
quando
sopram à noite no País de Abril.
Manuel Alegre
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