Investigando selos



"Os selos das cartas que recebemos (e que, frequentemente, deitamos fora) podem motivar as crianças para temas de ciências, facilitar a construção de conhecimentos de diferentes áreas e ajudar no desenvolvimento de competências intelectuais básicas (observação, classificação, comunicação...).

Os selos com representações de animais (pré-históricos ou actuais; em vias de extinção ou já extintos; do nosso país ou de outras zonas do globo), plantas, conchas, paisagens... podem ser utilizados em inúmeras actividades de sala de aula. Tudo depende da nossa criatividade.


Um selo é apenas um selo?

Não. Os selos podem ser muitas coisas:
1. Um prazer para a vista com belos desenhos, cores e técnicas de impressão;
2. Uma investigação histórica à medida que se estuda acerca das pessoas, dos locais ou dos acontecimentos retratados;
3. O desvendar de um mistério à medida que se investigam o como e o por quê que determinado selo e envelope viajaram e receberam determinadas marcas postais (carimbos);
4. Uma investigação biológica centrada nas características de determinada zona ou na fauna e flora de determinado país;
5. Uma colecção de curiosidades tais como formatos pouco comuns, imagens invulgares, etc.


A história do selo de correio

O rectângulo de papel colorido usado nos serviços de correio Ingleses, desde 1840, constitui a base do sistema postal moderno. Sir Rowland Hill, apesar de não ter sido o inventor da estampilha postal (muito antes, outras tentativas semelhantes haviam sido ensaiadas, embora com fraco êxito e curta duração), foi responsável pelo estabelecimento do princípio do pagamento do porte das correspondências pelo expedidor, e que alterou o que até então se praticava em todo o mundo: o pagamento do porte pelo destinatário no acto de recepção. Para tal, criou uma pequena vinheta com a efígie da rainha Vitória que, colada no envelope pelo expedidor, dava livre transporte à correspondência. Esta medida veio simplificar a contabilidade dos correios, até aí complicadíssima e de difícil fiscalização.
Em Portugal, o selo de correio foi criado pela Reforma Postal de 27/10/1852, tendo entrado em circulação em 1/7/1853. A primeira série de selos portugueses apresentava a efígie da rainha reinante, D. Maria II, e quatro taxas: 5, 25, 50 e 100 réis.


Os selos e as ciências

Os selos nas aulas de ciências:
1. Motivam os alunos relativamente a vários temas;
2. Contribuem para a integração de conhecimentos de diferentes áreas científicas (biologia, ecologia, geografia, história, etnologia, antropologia);
3. Desenvolvem capacidades intelectuais (observação, classificação, formulação de hipóteses, comunicação).
Os selos temáticos com representações de seres vivos permitem, por exemplo:
1. Observar os pormenores representados em cada selo – habitats, animais, plantas, cores, formas;
2. Classificar os selos de acordo com os seus temas, formas, dimensões, cores, países de origem;
3. Formular hipóteses explicativas das diferenças detectadas entre as cores e os revestimentos dos animais de países tropicais e de países temperados;
4. Construir mapas com selos provenientes dos países representados e que pretendem dar informação sobre a sua fauna, flora, costumes e geografia;
5. Comunicar aos colegas da turma os aspectos estudados.


Os selos e a interculturalidade

Os selos de correio constituem um óptimo recurso para a educação intercultural nos diferentes níveis de ensino: representam uma boa fonte de informação sobre as populações humanas (costumes, zonas onde vivem, produtos de que se alimentam, religiões que praticam) e as populações animais e vegetais (características morfológicas, comportamentos e ambientes em que vivem).Constituem, ainda, um bom pretexto para a promoção de atitudes e valores, como o respeito por outros povos e culturas e o respeito pelos seres vivos e pela natureza em geral.
• Os selos com representações de indivíduos, de ambos os sexos e de diferentes etnias, que contribuiram para o avanço da ciência e da tecnologia ao longo da história, revelam-se úteis na valorização das contribuições de diferentes culturas para o progresso da Humanidade.
• Os selos sobre seres vivos em vias de extinção ou a intervenção do homem nos diferentes ecossistemas podem servir de base a trabalhos centrados nos direitos do Homem e dos restantes seres vivos."

Pedro Rocha dos Reis (2000). Investigar e descobrir: Investigando selos. Cadernos de Educação de Infância nº 53. p.56





Comentários

Mensagens populares