Igreja de S. Julião, Matriz de Setúbal

Igreja de S. Julião, Matriz de Setúbal
Outubro 22, 2021

Nota Histórico-Artística

Da primitiva igreja dedicada a S. Gião ou Julião, datada da segunda metade do século XIII e atribuída pela tradição ao empenho dos pescadores locais (PORTELA, M. Maria, 1882), apenas se sabe que esteve ligada através de uma tribuna aos paços contíguos de D. Jorge de Lencastre, Duque de Aveiro e Coimbra e Mestre da Ordem de Santiago, funcionando quase como sua capela privativa, até c. 1510. Em 1513 determina D. Manuel a ampliação desta igreja, bem como da igreja de Santa Maria da Graça, ambas paroquiais, obra a ser paga em parte pela população local, embora no caso presente o Mestre de Santiago tenha contribuído com 500$00 réis para os trabalhos.

A ampliação veio a revelar-se de facto uma reconstrução total, não sem terem surgido vários imprevistos: durante os trabalhos deu-se a derrocada de uma nave, e houve necessidade de rebaixar outra (SILVA, J. Custódio Vieira, 1990, p. 70). O templo manuelino assim erguido sofreu por sua vez os efeitos do terramoto de 1531, não completamente conhecidos, mas que terão conduzido à segunda reconstrução do edifício, terminada por volta de 1570; alterada já boa parte da sua feição original, veio ainda a conhecer nova e extensa destruição aquando do cataclismo de 1755. É já no reinado de D. Maria que a igreja é reconstruída, pouco conservando hoje do templo quinhentista, à excepção dos dois portais manuelinos (o principal, a Ocidente, e o portal Norte), bem como a estreita porta que dá acesso à torre sineira.

A igreja matriz de Setúbal é actualmente um edifício maneirista, com fachada principal rematada por simples mas elegante frontão contracurvado, sob o qual se rasga o portal principal manuelino, em arco conopial, muito mais simples do que o lateral. Este último, colocado na parede Norte, como provavelmente estaria na disposição original, é um importante exemplo da arquitectura coeva, sendo inclusivamente comparado ao trabalho de Diogo de Boitaca na Igreja setubalense do Mosteiro de Jesus e na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos (SILVA, J. Custódio Vieira, 1990, p. 70).

Texto capturado em outubro 22, 2021 de DGPC | Pesquisa Geral (patrimoniocultural.gov.pt)




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