Igreja de S. Julião, Matriz de Setúbal
Nota Histórico-Artística
Da
primitiva igreja dedicada a S. Gião ou Julião, datada da segunda metade do
século XIII e atribuída pela tradição ao empenho dos pescadores locais
(PORTELA, M. Maria, 1882), apenas se sabe que esteve ligada através de uma
tribuna aos paços contíguos de D. Jorge de Lencastre, Duque de Aveiro e Coimbra
e Mestre da Ordem de Santiago, funcionando quase como sua capela privativa, até
c. 1510. Em 1513 determina D. Manuel a ampliação desta igreja, bem como da
igreja de Santa Maria da Graça, ambas paroquiais, obra a ser paga em parte pela
população local, embora no caso presente o Mestre de Santiago tenha contribuído
com 500$00 réis para os trabalhos.
A
ampliação veio a revelar-se de facto uma reconstrução total, não sem terem
surgido vários imprevistos: durante os trabalhos deu-se a derrocada de uma
nave, e houve necessidade de rebaixar outra (SILVA, J. Custódio Vieira, 1990,
p. 70). O templo manuelino assim erguido sofreu por sua vez os efeitos do
terramoto de 1531, não completamente conhecidos, mas que terão conduzido à
segunda reconstrução do edifício, terminada por volta de 1570; alterada já boa
parte da sua feição original, veio ainda a conhecer nova e extensa destruição
aquando do cataclismo de 1755. É já no reinado de D. Maria que a igreja é
reconstruída, pouco conservando hoje do templo quinhentista, à excepção dos dois
portais manuelinos (o principal, a Ocidente, e o portal Norte), bem como a
estreita porta que dá acesso à torre sineira.
A
igreja matriz de Setúbal é actualmente um edifício maneirista, com fachada
principal rematada por simples mas elegante frontão contracurvado, sob o qual
se rasga o portal principal manuelino, em arco conopial, muito mais simples do
que o lateral. Este último, colocado na parede Norte, como provavelmente estaria
na disposição original, é um importante exemplo da arquitectura coeva, sendo
inclusivamente comparado ao trabalho de Diogo de Boitaca na Igreja setubalense
do Mosteiro de Jesus e na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos (SILVA, J. Custódio
Vieira, 1990, p. 70).
Texto
capturado em outubro 22, 2021 de DGPC |
Pesquisa Geral (patrimoniocultural.gov.pt)
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