Igreja de Vera Cruz de Marmelar - Capela do Santo Lenho e o cofre relicário

  Relíquia do Santo Lenho guardada no cofre relicário medieval 

Relíquia do Santo Lenho

Custódia-relicário  

Relíquia do Santo Lenho guardada no cofre relicário medieval 

 Escudo com cruz de pontas trilobadas

Pormenor das portas com a decoração original, 
compostas por composições de losangos

 Pormenor das portas com a decoração original, 
compostas por composições de losangos

 Relíquia do Santo Lenho guardada no cofre relicário medieval 


  Pormenor do templo primitivo - Período visigótico à obra moçárabe (séc. VII-IX/XI)

  Pormenor do templo primitivo - Período visigótico à obra moçárabe (séc. VII-IX/XI)

 Pormenor da grade em ferro forjado

 Arco de volta perfeita, emoldurado, guarnecido de uma magnífica grade em ferro forjado

Pormenor da fechadura da porta
 
Capela do Santo Lenho e o cofre relicário
Igreja de Vera Cruz de Marmelar (Portel)
Visita de estudo no âmbito do 14.º Curso sobre Ordens Militares em maio 29, 2016
 
“A Capela do Santo Lenho situa-se à esquerda do altar-mor da igreja de Vera Cruz, tendo-se-lhe acesso através de arco de volta perfeita, emoldurado, guarnecido de uma magnífica grade em ferro forjado, com porta, mandada fazer pelo Comendador Lopo de Almeida, em 1729. O espaço constituía uma das absides da cabeceira do templo do período visigótico, depois reaproveitada aquando da reformulação do edifício com o estabelecimento dos hospitalários, no século XIII. Ainda hoje, a relíquia do Santo Lenho se guarda no cofre relicário medieval que foi encastoado na parede desta capela, fechada “a sete chaves”.
 
(…) O cofre relicário é uma peça extraordinária no panorama do mobiliário medieval português. Até ao momento, não se conhece qualquer objeto similar ou aproximado no contexto nacional, o que exponencia o seu valor patrimonial por ser, efetivamente, raríssimo. Trata-se de uma peça esculpida num bloco de mármore, representando a arquitetura de um portal de remate triangular, inserido em alfiz decorado no topo por duas flores com folhas, simétricas, uma de cada lado, e no qual se “rasga” abertura de remate trilobado; nesta, encontra-se, ao nível superior, um escudo com cruz grega, encimado por motivo floral, e, ao nível inferior, outro escudo com cruz de pontas trilobadas. Entre os escudos, guarda- se o relicário no qual se encontra encastoado o Santo Lenho. Esta abertura é encerrada por duas portas com a mesma configuração, em madeira, com ferragens e vários fechos, representando os puxadores serpentes. Todo o conjunto é policromado e dourado, na sua maioria ainda a folha de ouro. As portas ainda subsistem com a decoração original, composta por composições de losangos, estando a do exterior coberta por camada de tinta posterior.
 
(…) A identificação dos elementos heráldicos existentes na peça e a sua cronologia aproximada, do ponto de vista da análise estilística, levam-nos a crer que se tratou de uma encomenda do primeiro Prior do Crato, D. Álvaro Gonçalves Pereira.
Foi D. Álvaro que transportou consigo o Santo Lenho de Vera Cruz na Batalha do Salado, em 1340, cuja vitória miraculosa se atribuiu à presença da sagrada relíquia no campo de batalha, facto que por si só, legitima a hipótese apresentada por constituir uma razão mais que plausível para o cavaleiro hospitalário mandar construir um cofre relicário destinado a albergar condignamente o Lignum Domini.
Os escudos que se encontram esculpidos no cofre relicário apresentam a cruz grega, simples, em cima, e uma cruz de pontas floreadas, em baixo, precisamente as mesmas armas que se observam no túmulo de D. Álvaro, desenhadas de forma igual, o qual se encontra na nave da Igreja do Mosteiro da Flor da Rosa, no Crato, também da Ordem do Hospital, de que foi fundador. Efetivamente, as armas patentes no cofre de Vera Cruz são as armas que o Prior do Crato adotou, representando, respetivamente, a cruz dos hospitalários e a cruz utilizada pelos Pereiras. Estilisticamente, não deixa de ser significativo realçar a simplicidade, o despojamento decorativo e o rigor do traço presentes nas duas obras.
Cremos, portanto, que a construção do cofre relicário de Vera Cruz de Marmelar se deveu ao desejo de D. Álvaro Gonçalves Pereira de honorificar a Sagrada Relíquia, a que se deveu a vitória extraordinária dos cristãos, em especial do contingente militar português, sobre os mouros no Salado."
 
Estando asi desbaratados como uos mostro, entrou per antre os uosos huum gram caualeiro antresinado de sobresinaaes uermelhos el e o caualo (…). E tragia em sãs maãs huma muy fremosa e grande asta, en cima dela huma cruz que esprandecia como o sol e lançava de si rayos de fogo. Esta foi mazelada de coita de door e de présa descorodoe a todas uosas gentes, ca en como nos foi mostrada, esa ora forom os portugueeses en toda sa força, e seguiram aquel caualeiro por hu ya. Os caualeiros eram uiuos e tam esforçados e os caualos tam ligeiros que hu queria chegar e ferir logi hi eram. Os golpes deles eram taes que o poynham sãs espadas nom auya mais mester meestre.
[Livro de Linhagens, c. 1370]
Fala do mouro Alcarac ao seu Rei Almofacem, descrevendo, após a Batalha do Salado, a derrota do exército mouro pelos cavaleiros portugueses que empunhavam o Lignum Crucis trazido do Mosteiro de Marmelar.
 
Textos capturados em maio 29, 2016 de  http://www.museusportugal.org/multimedia/File/Igreja%20vera%20cruz.pdf
 



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