A Garça





 Garça real - Ardea cinerea
Estuário do Sado (Comporta - Alcácer do Sal) - Outubro de 2012


A GARÇA

A garça marcha devagar, solene,
na areia à beira d’água. Atenta, observa:
um peixe descuidado se aproxima.
De repente dispara, flecha, o bico


e volta após fisgado o alimento.
No cristal d’água a sua imagem dança
nívea, leve, com graça, ao crepúsculo.
Eu a contemplo à luz fraca do sol,


à distância, real, em sua nobreza
de ave e príncipe. Quem sou? Ela ignora.
Existo à parte, como observador,
alheio, inexistente. Sou, não sou.


Um homem não faz parte da paisagem.
A garça é a paisagem. Mais que uma árvore,
mais que uma flor e a imagem que passa, alva,
a garça permanece na memória.


Poesia captada em 30 de outubro de 2012 de: http://poesiacronica.blogspot.pt/2012/03/garca.html





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