A Comporta do arroz - Setembro (tempo da colheita)
Campos de arroz Comporta (Alcácer-do-Sal) - Setembro de 2009 |
"Os homens e as mulheres que vieram habitar a Comporta, chegaram de fora, às golfadas, em grandes ranchos, na procura de trabalho e pão que as suas terras de origem lhes negavam.
Eram “algarvios” de fala cantada, vindos da serra e das aldeias pobres da costa sudoeste; “ratinhos” e “caramelos” de entoações rumorosas vindos da dureza da montanha; mas também gente de mais perto, camponeses sem terra das periferias de Alcácer; filhos e filhas de pequenos agricultores das freguesias serranas de Santiago do Cacém, mulheres de pescadores da Costa de Santo André tornadas mondinas e ceifeiras.
Eram “algarvios” de fala cantada, vindos da serra e das aldeias pobres da costa sudoeste; “ratinhos” e “caramelos” de entoações rumorosas vindos da dureza da montanha; mas também gente de mais perto, camponeses sem terra das periferias de Alcácer; filhos e filhas de pequenos agricultores das freguesias serranas de Santiago do Cacém, mulheres de pescadores da Costa de Santo André tornadas mondinas e ceifeiras.
Chegavam com o despontar da primavera quando os picos de trabalho exigiam mais
mão de obra, ou ainda antes, de invernada, por cá permanecendo nove, dez meses,
quase um ano, agarrando todo o tipo de serviços que podiam.
Encontravam-se,
muitas vezes no mesmo celeiro, cinquenta metros de comprido por dez de largo,
que a Atlantic disponibilizava para lhes servir de quartel, comendo, dormindo,
bailando, amando, indo aos domingos, em grandes grupos, banharem-se ao mar da
Comporta. E se as privacidades se dissolviam, valoravam-se intensas
sociabilidades.”
João Madeira (Historiador)
João Madeira (Historiador)
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