Viver com simplicidade
Viver com
simplicidade
Praia do Carvalhal (Grândola) - 22 de março de 2018
“Uma vida simples, com prazeres singelos. Parece
atraente? Para alguns, a poesia da vida simples é uma aspiração.
Não são muitos, mas aumenta a cada dia os que buscam
um estilo de vida mais despojado.
Enquanto a grande massa se mostra adepta dos
benefícios oferecidos pelas cidades, aos poucos o homem mostra-se cada vez mais
cansado da rotina urbana, enlouquecedora.
Poluição, engarrafamentos, ruídos. A floresta de
edifícios a perder-se no horizonte, escondendo o céu e o sol.
Tudo isso contribui para o stress e angústia do homem
contemporâneo.
Quando jovem, é natural que as pessoas desejem os
desafios e facilidades das cidades, que oferecem objetos de desejo a cada
esquina.
São as maravilhas da tecnologia, os bares da moda, as
roupas de grife, os belos escritórios, as carreiras.
Tudo isso exerce tremendo fascínio. Mas, aos poucos, é
possível observar que esse modelo está a esvaziar-se. Um certo cansaço começa a
ser notado.
Uma expressão vem ganhando espaço: qualidade de vida.
São cada vez mais numerosos os que desejam voltar aos ideais de uma vida
simples, uma casa no campo, um contacto mais estreito com a natureza.
Querem respirar ar puro, ver um pôr do sol dourado,
passar noites de tranquilidade numa rede preguiçosa, manter conversas de fim da
tarde.
A sensação que se tem é que a Humanidade, afinal,
começa a perceber que a vida é muito mais do que prazeres passageiros.
As razões para o esgotamento do modo de vida urbano
são o consumismo desenfreado e a sensação de estar numa corrida permanente.
No trabalho, o desafio é a competitividade, que
atropela o ser humano e o consome, transformando-o em peça de uma fria
engrenagem.
É um processo perverso, que suga as energias, estimula
ciúmes e transforma em inimigos os que deveriam trabalhar em harmonia.
E uma pergunta costuma ser feita por quem está nessa
roda-viva: Dá para viver com simplicidade nas grandes cidades?
É possível conciliar as exigências de uma carreira, da
vida social e da família com uma rotina mais amena?
A resposta é... Sim! É possível conciliar tudo isso.
Não é tarefa muito fácil, mas pode ser realizada.
Isso porque a simplicidade não é feita de
demonstrações exteriores. Ela é um estado de espírito.
Não precisamos de vestir trapos, nem abrir mão de uma
vida normal para sermos pessoas simples.
A simplicidade está em viver a vida sem exigências
descabidas. Quem opta pela simplicidade, descomplica o dia-a-dia.
Muitas vezes perdemo-nos em detalhes completamente desnecessários.
E, com isso, tornamos insuportável a nossa vida e a dos outros.
Observe com atenção e perceberá: fazemos exigências
demais por causa de coisas mínimas, das quais nem nos lembramos depois de algum
tempo.
Por isso, a opção de viver com simplicidade é, antes
de tudo, um jeito de agradecer a Deus pelo que recebemos.
Simplicidade é ter sonhos. Mas, se eles não se
realizam por alguma razão, ainda assim a vida não perde a graça. Ou seja,
apesar das tempestades, o contentamento permanece inabalável.
Quer ser feliz? Seja simples. Experimente o prazer das
coisas que estão ao seu redor!
Olhe para o céu, veja as nuvens tingidas de ouro no
infinito azul.
Ouça o som das risadas espontâneas, sinta o frescor de
um copo de água, o sabor de uma fruta, a serenidade de uma noite bem dormida.
Veja a beleza de livros e canções. Quem disse que não
há prazer nas coisas pequeninas que Deus pôs ao nosso alcance?”
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