Reserva visitável "Escultura São Tiago" - Castelo de Palmela (Continuação)
Esculturas de Santiago
Reserva visitável "Escultura São Tiago" - Castelo de Palmela
Visita guiada em 26 de Setembro de 2009
"Um
santo, três facetas iconográficas
São Tiago
surge na arte medieval representado de três formas diferentes, originalmente
como apóstolo, mais tarde enquanto cavaleiro lutador contra os muçulmanos, e
enquanto peregrino. O desdobramento iconográfico do apóstolo original nas
outras duas personagens é um fenómeno inusual na iconografia medieval, e nele
intervêm factores doutrinários e litúrgicos, mas também considerações políticas
e sociais.
São Tiago e
a Península Ibérica
Tiago, filho
de Zebedeu e irmão de João, conhecido como Tiago o Maior, deve o seu cognome,
que o diferencia do Tiago o Menor, ao facto de ter sido um dos discípulos mais
próximos de Cristo. (...)
Não existe,
porém, fundamento documental da actividade apostólica de São Tiago, e menos
ainda da sua suposta vinda à Península Ibérica em missão evangelizadora. De
facto, a mais antiga referência documental ao santo, neste território, surge
apenas por volta do ano 785 quando, no reino galaico-asturiano, um clérigo
fervoroso compõe um elaborado hino em honra de São Tiago. Este hino é incorporado
pouco depois na liturgia hispânica vigente na altura, estabelecendo-se assim,
pela primeira vez, uma profunda ligação entre os fiéis da Península e o
apóstolo São Tiago. Num período em que os reinos cristãos do norte da Hispânia
vivem sob a ameaça da hegemonia islâmica vinda do sul, o pretenso descobrimento
do túmulo do apóstolo, em Compostela, cerca do ano 830, possui um forte valor
simbólico e prático na luta contra os sarracenos. A presença das relíquias de
um dos principais discípulos de Cristo no extremo noroeste da península não
tarda em dar origem a um fenómeno de peregrinação sem paralelo na Idade Média
europeia, com importantes consequências religiosas, políticas, económicas e
culturais. No estabelecimento e promoção do Caminho de Santiago entram em jogo
não só os interesses de influência territorial do próprio bispado de Compostela
e do papado, mas a partir do século X também os da poderosa rede de abadias
dependente de Cluny e os da Casa de Borgonha.(...)"
Texto
extraído em 20 de Maio de 2013 de:
http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/MEDIEVALISTA12/torras1204.html
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