Bonecos de Estremoz - Procissão do Senhor dos Passos





 Bonecos de Estremoz - A Procissão
Autora: Maria Luísa da Conceição

Biografia da autora:
“Maria Luísa Conceição nasceu na cidade de Estremoz em 1934. Desde que nasceu que tomou contacto directo com o barro, já que seu pai era neto do fundador da Olaria Alfacinha (1868-1995), Caetano Augusto da Conceição. Seu pai, Mestre Mariano da Conceição, além de um exímio oleiro, foi quem, por intermédio de Sá Lemos, Director da Escola de Artes e Ofícios de Estremoz, fez renascer os bonecos de Estremoz, obtendo os conhecimentos para tal de uma velha bonequeira chamada Ana das Peles.
Depois da morte de seu pai (1959), foi sua tia Sabina Santos que tomou nas mãos a continuidade da tradição bonequeira, e sua mãe, Liberdade da Conceição, um ano depois, decide também ela começar a modelar. Maria Luísa Palmela sempre assistiu a todas as tarefas e “rituais” associados à modelação dos bonecos e aos 6 anos ajudou pela primeira vez a sua mãe a pintar, quando esta preparava um conjunto de bonecos para irem para a Exposição do Mundo Português de 1940. Assim, através da observação, foi aprendendo como se preparava, modelava e cozia o barro. Mais tarde, já nos anos 80, após sua tia se reformar, Maria Luísa Conceição toma coragem e ocupa a oficina de Sabina Santos na Rua Brito Capêlo, deixando de realizar bonecos na sua cozinha como até aí tinha feito. Começa então de forma sistemática a reproduzir os bonecos que tinha visto gerações da sua família fazerem. Desde os seus 47 anos que ia modelando, mas não de uma forma tão activa como passou a fazê-lo a partir desta época.
Em 1990 Liberdade da Conceição, sua mãe, faleceu, ficando Maria Luísa Conceição com a tarefa de dar continuidade à tradição bonequeira no seio de sua família. Tendo no sangue o gosto pela inovação (a família Alfacinha em finais do século XIX renovou a Olaria de Estremoz, reinventando a tradição oleira desta terra), modela bonecos de Estremoz com novas temáticas e modela também bonecos que saem do modo de Estremoz. Seu filho, Jorge Palmela, chegou também a modelar, a cozer e a pintar juntamente com esta, no entanto, após terminar o curso superior de Electrotecnia, deixou de poder dar continuidade a esta paixão.
Muito activa, chegou a estar à frente da Comissão de Artesãos de Estremoz, dinamizando a Feira de Artesanato (hoje integrada na FIAPE) juntamente com a Câmara Municipal de Estremoz. Participa em diversas Feiras por todo o país, sendo conhecida como uma das artesãs que mais divulga esta tipologia única de arte popular, tendo mesmo em Vila do Conde, no ano de 1991, ganho o 1º Prémio da melhor peça de artesanato.
Maria Luísa Conceição confessa que deve ser a última pessoa da sua família a estar ligada aos barros de Estremoz, facto que lamenta, pois os “Alfacinhas” desde finais do século XIX que mantinham a chama acesa desta tradição. Desde 2007 possui a Carta de Reconhecimento de Origem Geográfica de Artesanato do Concelho de Estremoz, atribuída pela Câmara Municipal de Estremoz. Faz parte do Conselho Municipal de Artesanato.”


(Texto elaborado pela Câmara Municipal de Estremoz)





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